sexta-feira, 28 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Monólogo ao Primeiro ministro do meu país


A propósito de um comentário infeliz, vindo do nosso primeiro ministro, à uns tempos que ando com vontade de responder ao mesmo, mas o tempo e a vontade de escrever são escassos, contudo hoje sentei-me e decidi retribuir.

Senhor primeiro Ministro

Segui o seu conselho arrumei as malas tratei de papeis e documentos, pus o carro à venda (nota: o mesmo continua à venda) fiz uma pesquisa de mercado, encontrei casa no estrangeiro,  despedi-me daqueles que amo e vim tentar a minha sorte num pais que não é o meu.

Achei admirável da sua parte mandar os portugueses emigrar devo confessar que nesse dia senti uma espécie de empurram mental.
Sentada no sofá da sala do meu pai à beira de um desemprego por falta de fundos Europeus pensei “quando o primeiro ministro de um país diz na televisão que uma das alternativas à crise será emigrar devo confessar que imediatamente me apercebi que o meu país não poderia nunca ultrapassar a crise. Por isso mesmo segurei o tão estimado conselho e decidi viver num lugar onde tudo me é desconhecido, onde não percebo a língua, onde não tenho afinidade com ruas, paisagens, sons, comida e onde sinto acima de tudo falta daqueles que amo.

Provavelmente não lhe interessa mas irei partilhar consigo que sinto falta de casa, dos amigos, dos meus pais, das cores de Portugal, das roupas que as pessoas vestem, das ruas onde cresci,  da simplicidade de comunicação,  contudo o que me faz feliz não me paga as contas.

Tal como ouvi o seu conselho gostava que ouvisse o meu,  arranje soluções eficazes para que nós portugueses possamos realizar sonhos. Devo confessar que os anos que estudei para obter uma licenciatura e posteriormente um mestrado na perspectiva de uma vida melhor colocaram-me na posição de um mercado de trabalho completamente estrangulado e atrofiado pela economia. Não deixo de me questionar se não deveria ter poupado o meu pai financeiramente assim como a  minha capacidade intelectual.

Senhor primeiro ministro somos uma geração de intelectuais com sonhos adiados e forças desvanecidas, não, não irei incomoda-lho dizendo que muitos de nós vive na expectativa de ter uma casa , um emprego, um carro, a oportunidade de constituir uma família e uns trocos no bolso para uma fará ou outra, porque para qualquer eventualidade mais vale rezar para que ela não aconteça.

Já pensou na força de trabalho que esta a criar? Pessoas desmotivadas que por muito que tentem manter o optimismo e consequentemente um pouco de sanidade mental, acordam todos os dias num mundo que não lhes dá oportunidade.

Por tudo isto gostaria de agradecer o seu conselho em mandar os portugueses emigrar, tenho a dizer que sou uma emigrante portuguesa a viver na Holanda que todos os dias vê as noticias na esperança de um dia encontrar um Portugal capaz de realizar os meus sonhos.

A Penny for your Thoughts

So here's penny for your thoughts, a nickel for a kiss
A dime if you tell me that you love me

Malta Vacation